quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Maitê Proença: ''Uso filtro solar e eventualmente faço botox''

 Ninguém poderia descrever Maitê Proença melhor que a própria. Aos 54 anos recém-completados em 28 de janeiro, a atriz, que não faz mais análise, diz que se conhece muito bem, que enfim está se entendendo. ''Eu sou quase louca. É que disfarço bem'', disse rindo, mas se levando bem a sério, durante um bate-papo de quase duas horas no Hotel Cataratas, o único dentro do Parque Nacional de Foz do Iguaçu, no Paraná.

Ela vai falando e diz ainda que não é convencional. Ok, a gente acredita que aquela mulher, linda, em forma e naturalmente sensual aos 54 anos, é louca. ''Eu sou muito otimista. Acredito que tudo vai dar certo mesmo quando todas as evidências mostram que não. E sou muito livre. Cheguei a um ponto em que tenho poucos medos. Posso quase seguir com uma venda nos olhos, andar no escuro, seguindo minha intuição, que ela vai me levar ao lugar desejado. É quase a visão do louco, né? Mas não é. É tudo bastante coerente e não foi pensado, porque pensar limita. Eu não sou uma pessoa racional. Sou também, mas não fico pensando, vou andando'', explicou.
 A atriz também se descreve como uma pessoa inquieta. Só para se ter uma ideia, neste mês ela está acabando de organizar um livro coletivo chamado É Duro Ser Cabra na Etiópia, vai filmar um longa no Carnaval, com Domingos de Oliveira, 75, e começa a se preparar para o remake de Gabriela. E quer aprender a fazer suspiros como um que ela experimentou na infância, em Buenos Aires. Tem ainda uma peça escrita, À Beira do Abismo Me Cresceram Asas, sem previsão de iniciar a produção. ''Estou sempre arrumando sarna pra me coçar'', resumiu bem-humorada.

De coração aberto, Maitê recordou da infância sem traumas, inclusive da mãe, morta pelo pai quando ela tinha 12 anos, e descreveu com carinho tanto ela como o pai, que se matou anos depois. E falou de momentos engraçados de quando tinha uns 7 anos e que, segundo ela, hoje explicam muito a mulher que se tornou. ''Meu pai cortava meu cabelo no barbeiro e vinham me perguntar se eu era menino ou menina. Uma vez falei pra minha mãe que queria fazer balé e ela disse que era coisa pra menininha boba, pra filhinha de papai, e me colocou no judô. Eu era a única menina no meio e saía cheia de hematomas. Não tive chance de ser molinha, de virar menininha. Minha mãe não gostava dessa coisa de mulher fraquinha que fica reclamando da vida. Por isso sou assim,da porrada. Eu sou cheia de cicatrizes pelo corpo e não me lembro de um dia alguém me chamar de coitadinha. Era tudo no pá-pum, e banho frio, nada de banho quente. Não tinha moleza. Só hoje é que vejo que eles foram muito duros. Mas os dois eram afetuosos de outra forma. Meu pai, por exemplo, fazia mágicas incríveis e contava histórias.''
 Maitê reconhece que, no início de carreira, não era boa atriz. Ela acredita que, naquele tempo, ainda tinha ''tumultos íntimos'' a resolver e não conseguia se entregar por inteiro emoções. ''Um ator precisa mergulhar em emoções e eu não estava preparada para isso quando fui atuar. Eu tinha de resolver minhas questões familiares, mas ainda não era hora de mexer naquele vespeiro, porque o assunto era muito delicado para mim. O ofício de atriz, apesar de ter tocado na ferida, ao mesmo tempo me salvou, de certa forma. Porque era o personagem que estava sofrendo, triste por ter passado por uma perda, não a Maitê. Eu me olhava na tela e achava uma m... Eu sabia que estava aquém do que eu podia fazer, mas não me arrependo. Tive de ir para a escrita, um mergulho muito mais recolhido, onde consegui tocar no fundo fazendo metáforas (ela é autora do livro Uma Vida Inventada, em que mistura sua vida real e ficção, de um livro de crônicas e três peças teatrais)''. O processo a depurou. ''Se eu fizesse Dona Beija hoje, ganharia o Oscar.''

 Velhinha ajeitada e esportiva
Maitê tem rugas, sim, mas não há quem não pare para olhar para ela. ''Não sinto que tenha 54 anos. Não é sorte, não é de graça. Todos os dias da minha vida, sempre fiz o melhor que eu pude, com flexibilidade, claro.Você tem de saber a hora de soltar a franga, chutar o balde. Acho que vou ficar uma velhinha ajeitada e esportiva. Às vezes eu nado ou corro na praia. E normalmente faço pilates e musculação no Copacabana Palace, que é meu playground (ela mora no Chopin, vizinho ao hotel). Nunca engordei, porque se eu engordo 1 quilo, no dia seguinte emagreço aquele quilo. Estudei nutrição por seis anos, sei o que tenho de fazer. E não tenho pele boa porque tenho sorte. Eu não uso creme, porque sou alérgica, só uso filtro solar. E eventualmente faço botox, bem pouco. Não uso nada tóxico, maquiagem só de vez em quando. Não uso antibiótico, antiflamatório nem o GH que toda atriz toma. Não sei se tenho coragem de fazer essa experiência. Ah, e durmo muito.''
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